Na educação, de uma forma geral, ocorre uma prática (principalmente entre os alunos) de categorizar seus professores de acordo com os métodos utilizados ou o comportamento docente em sala de aula. Utilizamos um conjunto de características como ponto de partida para criarmos dois grupos de educadores: os tradicionais e os inovadores. Os primeiros acabam sendo representados como retrógrados, e suas características são apresentadas como comportamento negativo e mais comumente hostilizadas pelos alunos. Diferentemente do dito “professor inovador”, que dispõe de uma maior aceitação entre estes.
Em meio a isso tudo, há algo muito importante a ser compreendido. De que forma foi construída tais representações? O que vem a ser tradicional? E o que é um comportamento conservador?
Durante a ditadura militar, o ensino (da história, por exemplo) foi caracterizado pela construção do sentimento nacionalista. Nesse período também foi bastante presente a busca, empreendida por parte do Estado, de um professor caracterizado por sua forte autoridade, ao mesmo tempo conivente e submisso aos objetivos do Estado. Já na década de 80, período de transformações sociais (lenta redemocratização, crise econômica) o paradigma de educação se transforma.
Assim, a partir de 80, o professor passa a ser melhor avaliado de acordo com sua capacidade de se opor ao perfil de educador tão almejado pelos generais presidentes. As mais simples práticas, comumente presentes em sala de aula durante a repressão (até mesmo o uso da oralidade pelo professor) passaram a ser associadas a um ensino tradicional.
Como sabemos, o ensino é uma prática possibilitada pelas relações humanas. E as pesquisas e produções em educação, hoje, buscam nos ensinar a complexidade presente em tais relações ocorridas em sala de aula. Trata-se de um conjunto de fenômenos e comportamentos que são objeto de estudo de muitas pesquisas científicas e que provam a complexidade dos elementos presentes em sala de aula.
Tais complexidades não são levadas em conta quando etiquetamos nossos professores em “tradicionais” ou “inovadores”. Determinados métodos “tradicionais” são necessários e presentes ainda hoje: a exposição do conteúdo oralmente; uso do pincel e quadro. E a rejeição a tais métodos também não fará do professor um inovador, que pode cair em armadilha ao tornar outros métodos cotidianos.
Antes de tradicionais ou inovadores, prefiro referir-me a bons e maus profissionais. E estes se diferenciam não pelos recursos didáticos utilizados, mas pela capacidade de problematizar as disciplinas e gerar aprendizagem.
Gildevan Holanda
4 comentários:
Tradicionais ou inovadores? Bons ou maus? Posto o contexto das escolas no Brasil essa definição não pode está nas mãos dos alunos. Esses não dispõem de mecanismos avaliativos, mesmo minimamente, para uma escolha positiva. Entretanto é o que mais encontramos na mentalidade dos gestores pelo país. É como se os professores tivessem que se submeterem a "ditadura do sorriso". Uma vez que essas dualidades podem ser resumidas na seguinte: professor legal ou professor chato. E convenhamos que "legal" ou "chato" JAMAIS pode definir a qualidade do professor. Ora, num país em que "beber, cair e levantar" se torna um hit nacional a figura do mentor está muito mais para "chato" do que para orientador. Assim como o "legal" é menos o provocador do real do que o piadista. Ainda estamos distante de termos qualidade na educação porque prevalece o senso comum: "alunos coitadinhos", "professor que ensina" e "educação boa é educação paga", por exemplo. E também porque o MEC insiste na tolice de mudar a educação através de grandes projetos. NÃO ADIANTA INSISTIR a sociedade, a educação, o povo não será mudado através de reformas brilhantes no PNE. As vezes parece que não ouvimos quem mais sabe sobre esse assunto: a escola.
Acho que Isaac Medeiros disse tudo.
tb concordo Isaac disse tudo............
Vlw meu caro Isaac Medeiros, vc é o cara meu !!!
Flw e disse cara !!!
É isso aí !!!
Postar um comentário