quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Os fatos políticos de Apodi podem ser utilizados pelos professores de história! Felizmente e infelizmente.



Que me desculpem os que pensam que educação não tem nada a ver com política. Mas quero lembrar que os braços da política possuem alcances na vida de todas as pessoas, nos mais variados aspectos.
É possível ao professor educar quando este negligencia a atividade de reflexão sobre fenômenos comuns na política apodiense, como, por exemplo, o corporativismo político? De que serve estudar a Revolução Francesa, se o aluno não compreender que a situação lastimosa que resultou na luta por igualdade, liberdade e fraternidade ainda se mantém, mas pode ser transformada?
Não podemos pensar que a história é apenas o registro de acontecimentos passados. Esta é uma ciência, e reconhecida como tal porque existem razões, existem aplicações desse conhecimento que nos permitem contextualizá-lo a fim de encontrarmos explicações para os fenômenos sociais. Esse conhecimento, portanto, deve ser refletido em uma forma progressista de atuação e mudança dessa mesma sociedade.
Na história política brasileira, por exemplo, desde o Brasil colônia, infindáveis são os momentos em que é explicitada a situação de união, de revezamento e acordo entre as elites que se beneficiavam com a concentração de renda e o jogo de influências. Será que esse conteúdo historiográfico não seria melhor compreendido se trazido para o contexto dos discentes? Ou alguém acredita que em Apodi não ocorre um fenômeno parecido?
Sem o medo de cometer anacronismo, podemos afirmar que tanto na história do Brasil (no início do período republicano, por exemplo) como no Apodi do século XXI tais elites, temerosas das futuras mudanças, adotam práticas como a negação da autonomia do voto popular. Acreditam possuir o poder de decisão sobre o bem e o mal através da compra da consciência. E buscam, de todas as estratégias, encontrar pessoas que acreditem em suas concepções arcaicas de fazer política (afirmar no rádio que em Apodi só existe bacurau ou bicudo é bom negócio para esse pessoal!).
Desculpem mas, pessoalmente, não seria capaz de explicar o Poder Moderador no Brasil imperial sem falar sobre a união entre executivo e legislativo em nosso município nos dias atuais. Não seria capaz de esquecer que, em Apodi, tem-se o costume da não prestação de contas referentes a verbas destinadas às escolas públicas, ou das destinadas aos aluguéis da prefeitura, simplesmente porque a maioria dos vereadores na câmara veta tais pedidos sem uma mínima justificativa, se é que seria possível existir uma.
Concordo em gênero, número e grau com o educador Paulo Freire, pois não acredito em uma educação que não se reconhece como atividade política. Assim como não confio em ninguém que se considere neutro, pois tal atitude (ou falta de atitude), como diria Paulo, “não passa de uma maneira cômoda, mas também hipócrita de esconder o medo de acusar as injustiças”.
Gildevan Holanda

Um comentário:

Gildevan Holanda disse...

Separando o joio do trigo: lembro que se existiram pedidos de prestação de contas referentes a despesas do Executivo de Apodi, é porque ainda existem vereadores que fazem seu trabalho, apesar de serem minoria... infelizmente.