sábado, 5 de novembro de 2011

Ensino noturno: um novo olhar a sua demanda

A noite já foi opção, passou a solução e, agora, volta a ser uma alternativa para o ensino médio no Brasil. Há 20 anos, os alunos que frequentavam as salas do então 2º grau noturno eram cerca de 60%. As estatísticas mostram que, hoje, o turno responde por cerca de 35% das matrículas na etapa final da Educação Básica. Se estes percentuais indicam mudanças na oferta, os números absolutos e outras estatísticas sobre a escolaridade dos brasileiros não deixam esquecer que a opção diurna para os estudantes do ensino médio não exclui, absolutamente, a necessidade de investir na qualificação da alternativa da noite.
Segundo os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em 2010 havia mais de 2,9 milhões de estudantes matriculados no ensino médio noturno - isso significa que um terço dos alunos estuda à noite. Considerando, ainda, que há outros milhões de jovens por chegar ao ensino médio e outros tantos que estão fora da escola e não completaram esta etapa, muitos deles já envolvidos com o mundo do trabalho, a demanda por escolas que abram suas portas à noite seguirá existindo por muitos anos. "Se fôssemos atender todo mundo que não completou o ensino médio e já tem mais de 18 anos, estaríamos falando de algo em torno de 80 milhões de pessoas para quem o ensino noturno é, em geral, a única opção", comenta Ocimar Alavarse, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).

Para além das estatísticas, a novidade é que o ensino médio noturno ganha, pela primeira vez, atenção como modalidade de ensino, com características e demandas próprias que devem ser atendidas pelas políticas públicas. As novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e aguardando a homologação do Ministério da Educação (MEC), preveem uma organização curricular diferenciada para as classes da noite. O texto do parecer 5/2011 menciona inclusive a possibilidade de diminuição da carga horária diária e o aumento do número de anos para completar o ciclo médio. Há quem defenda e quem conteste a proposta específica do CNE, porém a necessidade de reforma da etapa como um todo e a busca de uma solução específica para o noturno são uma unanimidade entre educadores. No entanto, como aponta a assessora da área de Juventude da Ação Educativa, Raquel Souza, o primeiro passo para oferecer educação de qualidade nesta etapa da Educação Básica, considerando as classes noturnas como uma alternativa necessária, é conhecer os perfis e as demandas dos jovens.
O VAI E VEM
Criado para atender a população trabalhadora que, aos poucos, conseguia chegar ao colegial nas décadas de 50 e 60, nas décadas seguintes o turno da noite foi transformado em solução para a oferta do então 2º grau, especialmente na rede pública. Nos anos 90, enquanto o número de matrículas no ensino médio aumentava aceleradamente, mais que dobrando entre 1991 e 2001, o percentual de alunos matriculados no noturno oscilava um pouco, mas terminava a década representando cerca de 54% das matrículas. Neste período, o noturno dividiu com o diurno o aumento da demanda, mas foi pela manhã que o número de matrículas mais cresceu.

Fonte: revistaeducacao.uol.com.br

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